“Vocês vão se entediar com seus empregos, suas esposas, suas
amantes, a vista de suas janelas, a mobília ou o papel de parede do seu quarto,
seus pensamentos, vocês mesmos. Conseqüentemente, vocês vão encontrar maneiras
de fugir. Além dos artifícios de auto-satisfação mencionados acima, vocês podem
recorrer à mudança de emprego, de residência, de empresa, de país, de clima,
podem assumir a promiscuidade, o álcool, viagens, aulas de culinária, drogas,
psicanálise [...]
De fato, você pode juntar tudo isso, e por um instante pode
ser que funcione. Até, é claro, o dia em que você acorda em sua cama em meio a
uma nova família e a outro papel de parede, num Estado e num clima diferentes,
com uma pilha de contas do seu agente de viagem e do seu analista, e no entanto
com o mesmo sentimento desagradável em relação à luz do dia que se infiltra
pela janela...” (Joseph Brodsky, filósofo e poeta russo - sobre a compulsão à
fuga)
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