“Timeo lectorem unius libri”
Temo o leitor de um só livro (origem desconhecida)
“Homines dum docent discunt”
Ensinando, os homens aprendem (Sêneca)
“Non desinis óculos... mihi aperire”
Não cessas de abrir-me os olhos (Marco Aurélio)
“Ne pudeat, quae nescieris, te velle doceri. / Scire aliquid laus est, culpa est nil discere velle »
Não te envergonhes de querer que te ensinem o que não sabes. Saber algo é motivo de louvor, mas indesculpável é nada querer aprender.” (Catão)
“Indocti discant et ament meminisse periti »
Que os ignorantes aprendam e que os instruídos tenham prazer em abrir as mentes (Pope)
Passo de Gigante
Faz de conta...
domingo, 24 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
Uma bela música sobre uma conquista: o fim da escravidão
"À Volta da Fogueira"
Martinho da Vila
Composição: Rui Mingas - Manoel Rui - Martinho da Vila
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão perceber como se ganha uma bandeira
E vão saber o que custou a liberdade
Palavras são palavras não são trovas
Palavras deste tempo sempre novo
Lá os meninos aprenderam coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo
Aqui os homens permanecem lá no alto
Com suas contas engraçadas de somar
Não se aproximam das favelas nem dos campos
E tem medo de tudo que é popular
Mas os meninos deste continente novo
Hão de saber fazer história e ensinar
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política
sábado, 16 de outubro de 2010
Impostos no Brasil: excesso ou falta de distribuição?
Dizem que os brasileiros pagam muitos impostos, será mesmo?
Até a década de 1960 o sistema tributário brasileiro constituia-se de um amontoado de impostos e tarifas. A partir da metade da década de 1960 e até ao final da década de 1980 houve uma expansão da tributação sobre o valor agregado, e redução de tributos sobre comércio exterior, junto com fortalecimento da administração tributária. Já na década de 90 a onda neoliberal redistribuiu a carga tributária sobre base mais ampla, com imposto de renda menos progressivo e elevação da contribuição dos impostos sobre o consumo. Os defensores da política neoliberal defendiam que a política tributária não devia ser utilizada como instrumento de política social. A partir de 1995, a política tributária foi redesenhada para beneficiar o processo de mundialização do capital financeiro.
Entre as mudanças do projeto neoliberal/FHC, destacam-se: redução do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), das instituições financeiras, de 25% para 15%; redução da Contribuição Social sobre Lucro Líquido de 30% para 8%, posteriormente para 9%. Isso beneficiou e muito grandes empresas e bancos. Para os trabalhadores a receita foi outra: aumento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, de 2% para 3%; ampliação da base de incidência do PIS/Pasep e da Cofins; elevação da CPMF - incidindo sobre o consumo.
Eis um cálculo interessante realizado pelo Ipea, de 2008, que mostra que para financiar:
a) BOLSA FAMÍLIA: os brasileiros trabalham (1) um dia e meio;
b) CIRANDA FINANCEIRA DE INVESTIDORES E BANCOS: os brasileiros trabalham (20) VINTE dias e meio.
c) SUS: 13 dias de trabalho dos contribuintes;
d) EDUCAÇÃO: 15,7 dias de trabalho.
Mais do que questionar se pagamos muitos ou poucos impostos devemos nos perguntar: o que queremos do nosso sistema tributário??? Quais são os seus objetivos???
Como socialista, acredito que devemos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), a iniciativa privada não tem como atender a demanda; a Educação pública e de qualidade deve receber investimentos para atender a enorme demanda que a iniciativa privada não tem como atender. Devemos fiscalizar e orientar o investimento públicar para melhorar nossa qualidade de vida. E isso NÃO significa uma redução de impostos, mas sua racionalização e cobrando daqueles que mais têm, e não ao contrário.
Esse texto foi inspirado no artigo (que recomendo leitura) publicado por FÁTIMA GONDIM, auditora fiscal da Receita Federal, e MARCELO LATTIERI, auditor fiscal da Receita Federal. Publicado no LE MONDE DIPLOMATIQUE, ano 4, número 39.
Até a década de 1960 o sistema tributário brasileiro constituia-se de um amontoado de impostos e tarifas. A partir da metade da década de 1960 e até ao final da década de 1980 houve uma expansão da tributação sobre o valor agregado, e redução de tributos sobre comércio exterior, junto com fortalecimento da administração tributária. Já na década de 90 a onda neoliberal redistribuiu a carga tributária sobre base mais ampla, com imposto de renda menos progressivo e elevação da contribuição dos impostos sobre o consumo. Os defensores da política neoliberal defendiam que a política tributária não devia ser utilizada como instrumento de política social. A partir de 1995, a política tributária foi redesenhada para beneficiar o processo de mundialização do capital financeiro.
Entre as mudanças do projeto neoliberal/FHC, destacam-se: redução do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), das instituições financeiras, de 25% para 15%; redução da Contribuição Social sobre Lucro Líquido de 30% para 8%, posteriormente para 9%. Isso beneficiou e muito grandes empresas e bancos. Para os trabalhadores a receita foi outra: aumento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, de 2% para 3%; ampliação da base de incidência do PIS/Pasep e da Cofins; elevação da CPMF - incidindo sobre o consumo.
Eis um cálculo interessante realizado pelo Ipea, de 2008, que mostra que para financiar:
a) BOLSA FAMÍLIA: os brasileiros trabalham (1) um dia e meio;
b) CIRANDA FINANCEIRA DE INVESTIDORES E BANCOS: os brasileiros trabalham (20) VINTE dias e meio.
c) SUS: 13 dias de trabalho dos contribuintes;
d) EDUCAÇÃO: 15,7 dias de trabalho.
Mais do que questionar se pagamos muitos ou poucos impostos devemos nos perguntar: o que queremos do nosso sistema tributário??? Quais são os seus objetivos???
Como socialista, acredito que devemos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), a iniciativa privada não tem como atender a demanda; a Educação pública e de qualidade deve receber investimentos para atender a enorme demanda que a iniciativa privada não tem como atender. Devemos fiscalizar e orientar o investimento públicar para melhorar nossa qualidade de vida. E isso NÃO significa uma redução de impostos, mas sua racionalização e cobrando daqueles que mais têm, e não ao contrário.
Esse texto foi inspirado no artigo (que recomendo leitura) publicado por FÁTIMA GONDIM, auditora fiscal da Receita Federal, e MARCELO LATTIERI, auditor fiscal da Receita Federal. Publicado no LE MONDE DIPLOMATIQUE, ano 4, número 39.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
MANIFESTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES QUE PRATICAM ABORTO
"Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.
A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública. As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres.
No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres. A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento.
Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres. Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, saúde. As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde. Neste contexto, não podemos nos calar!
Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres. Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade. Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!
Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.
Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!
Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!
Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!
Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto."
Mais informações: http://www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com/
A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública. As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres.
No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres. A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento.
Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres. Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, saúde. As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde. Neste contexto, não podemos nos calar!
Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres. Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade. Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!
Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.
Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!
Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!
Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!
Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto."
Mais informações: http://www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com/
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Mulher..
"Aos de espírito néscio parecerá estranho, e mesmo impertinente, que um quadro de volúpias seja dedicado a uma mulher, a mais comum das fontes das mais naturais volúpias. Entretanto, é evidente que, como o mundo natural penetra no espiritual, serve-lhe de alento, e concorre, desta forma, a operar este amálgama indefinível que chamamos de nossa individualidade, a mulher é o ser que projeta a mais negra sombra ou a mais clara luz em nossos sonhos. A mulher é fatalmente sugestiva: ela vive uma outra vida que não a sua; ela vive espiritualmente nas imaginações que ela própria povoa e fecunda."
Charles Baudelaire
sábado, 2 de outubro de 2010
Medo e Política
“A desmemoria/2
O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos conduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.”
Eduardo Galeano
(O Livro dos Abraços"
O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos conduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.”
Eduardo Galeano
(O Livro dos Abraços"
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