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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Centenário do apóstolo da Justiça do Trabalho

Como diria o jurista Edmo Lutterbach, biógrafo de Geraldo Montedônio Bezerra de Menezes (GMBM), já na juventude podíamos identificar um líder em que palavra e pena se direcionaram no objetivo de conciliar “a lei divina na vida da cidade terrena” (Gaudiam et Spes). Fez-se do tempo a prova de que a defesa da Igreja contra os discursos anti-cristãos fosse, hoje, reconhecida para além do catolicismo, como uma defesa da liberdade religiosa. Ou seja, ao defender o cristianismo, GMBM conseguiu defender, também, todas as religiões que estão presentes entre as diferentes expressões do sagrado e que não podem se resumir à "sacralidade" do mercado e do dinheiro. Expressão e síntese do apostolado leigo, do respeito à hierarquia eclesiástica, a moral cristã fez-se visível na grandeza da família, seja através de seus 15 filhos, ou da composição de uma genealogia em que não podemos visualizar apenas a história particular dos Bezerra de Menezes, mas a própria história da formação do Brasil. Apenas contemplando a riqueza de princípios e valores de GMBM faz-se possível compreender o surgimento do apóstolo social, tecendo em compreensão cristã os problemas sociais brasileiros e, principalmente, criando formas à seguridade social e à proteção social dos trabalhadores diante das assimetrias de poder entre o capital e o trabalho. Nesse sentido, a “Doutrina Social e o Direito do Trabalho” são inseparáveis da “A Vida Substancial do Espírito”, tanto quanto a luta pela justiça e defesa dos pobres não pode denegrir a verdade religiosa e a pureza da fé. Esferas e dimensões de uma vida que, ao lado do poeta, do educador em moral e civismo, do historiador e sociólogo, obrigam-nos a tratar seu acervo como um todo, com o risco de não compreender as razões de um jurista ocupar desde o cargo de primeiro presidente do Tribunal Superior Trabalho, da Academia Fluminense de Letras, do Conselho Federal de Cultura, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de integrar a Ordem de Rio Branco, de professor da Universidade Federal Fluminense e, pelo conjunto da sua obra, receber do Papa Paulo VI a Comenda de São Gregório Magno. Em resumo, o autor do Decreto Lei 9.797/46, que deu forma à atual Justiça do Trabalho, e que tem, hoje, seu acervo doado para guarda e proteção perpétua do Tribunal Superior do Trabalho, foi um intelectual singular, o qual podemos tentar interpretá-lo apenas quando o contemplamos como um todo. E, assim, a família com orgulho oferece aos trabalhadores e pesquisadores brasileiros o acervo acumulado por gerações em nome da crença de que é possível sim construirmos um país que seja guiado pelo amor ao próximo.