Passo de Gigante

Faz de conta...









quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Chanson du geolier

"Chanson du geolier / Où vas-tu beau geôlier / Avec cette clé tachée de sang / Je vais délivrer celle que j'aime / S'il en est encore temps / Et que j'ai enfermée / Tendrement cruellement / Au plus secret de mon désir / Au plus profond de mon tourment / Dans les mensonges de l'avenir / Dans les bêtises des serments / Je veux la délivrer / Je veux qu'elle soit libre / Et même de m'oublier / Et même de s'en aller / Et même de revenir / Et encore de m'aimer / Ou d'en aimer un autre / Si un autre lui plaît / Et si je reste seul / Et elle en allée / Je garderai seulement / Je garderai toujours / Dans mes deux mains en creux / Jusqu'à la fin de mes jours / La douceur de ses seins modelés par l'amour" Jacques Prévert

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Detalhe sobre a Vale do Rio Doce

Vendida/privatizada por US$ 3,14 bilhões, a Companhia VALE do RIO DOCE vale atualmente em torno de US$ 139 bilhões. A avaliação dos ativos da companhia para privatização foi realizada pelo Grupo Bradesco, que se tornou um dos principais acionistas da nova sociedade privada.

E aí Dilma, que batata quente que o Lula te deixou, hein?!

Apoiei a Dilma, agora sou oposição socialista.

domingo, 24 de outubro de 2010

Frases em latim

“Timeo lectorem unius libri”
Temo o leitor de um só livro (origem desconhecida)

“Homines dum docent discunt”
Ensinando, os homens aprendem (Sêneca)

“Non desinis óculos... mihi aperire”
Não cessas de abrir-me os olhos (Marco Aurélio)

“Ne pudeat, quae nescieris, te velle doceri. / Scire aliquid laus est, culpa est nil discere velle »
Não te envergonhes de querer que te ensinem o que não sabes. Saber algo é motivo de louvor, mas indesculpável é nada querer aprender.” (Catão)

“Indocti discant et ament meminisse periti »
Que os ignorantes aprendam e que os instruídos tenham prazer em abrir as mentes (Pope)

domingo, 17 de outubro de 2010

Uma bela música sobre uma conquista: o fim da escravidão



"À Volta da Fogueira"
Martinho da Vila
Composição: Rui Mingas - Manoel Rui - Martinho da Vila

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão perceber como se ganha uma bandeira
E vão saber o que custou a liberdade

Palavras são palavras não são trovas
Palavras deste tempo sempre novo
Lá os meninos aprenderam coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

Aqui os homens permanecem lá no alto
Com suas contas engraçadas de somar
Não se aproximam das favelas nem dos campos
E tem medo de tudo que é popular

Mas os meninos deste continente novo
Hão de saber fazer história e ensinar

sábado, 16 de outubro de 2010

Impostos no Brasil: excesso ou falta de distribuição?

Dizem que os brasileiros pagam muitos impostos, será mesmo?


Até a década de 1960 o sistema tributário brasileiro constituia-se de um amontoado de impostos e tarifas. A partir da metade da década de 1960 e até ao final da década de 1980 houve uma expansão da tributação sobre o valor agregado,  e redução de tributos sobre comércio exterior, junto com fortalecimento da administração tributária. Já na década de 90 a onda neoliberal redistribuiu a carga tributária sobre base mais ampla, com imposto de renda menos progressivo e elevação da contribuição dos impostos sobre o consumo. Os defensores da política neoliberal defendiam que a política tributária não devia ser utilizada como instrumento de política social. A partir de 1995, a política tributária foi redesenhada para beneficiar o processo de mundialização do capital financeiro.

Entre as mudanças do projeto neoliberal/FHC, destacam-se: redução do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), das instituições financeiras, de 25% para 15%; redução da Contribuição Social sobre Lucro Líquido de 30% para 8%, posteriormente para 9%. Isso beneficiou e muito grandes empresas e bancos. Para os trabalhadores a receita foi outra: aumento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, de 2% para 3%; ampliação da base de incidência do PIS/Pasep e da Cofins; elevação da CPMF -  incidindo sobre o consumo.

Eis um cálculo interessante realizado pelo Ipea, de 2008, que mostra que para financiar:
a) BOLSA FAMÍLIA: os brasileiros trabalham (1) um dia e meio;
b) CIRANDA FINANCEIRA DE INVESTIDORES E BANCOS: os brasileiros trabalham (20) VINTE dias e meio.
c) SUS: 13 dias de trabalho dos contribuintes;
d) EDUCAÇÃO: 15,7 dias de trabalho.

Mais do que questionar se pagamos muitos ou poucos impostos devemos nos perguntar: o que queremos do nosso sistema tributário??? Quais são os seus objetivos???

Como socialista, acredito que devemos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), a iniciativa privada não tem como atender a demanda; a Educação pública e de qualidade deve receber investimentos para atender a enorme demanda que a iniciativa privada não tem como atender. Devemos fiscalizar e orientar o investimento públicar para melhorar nossa qualidade de vida. E isso NÃO significa uma redução de impostos, mas sua racionalização e cobrando daqueles que mais têm, e não ao contrário.

Esse texto foi inspirado no artigo (que recomendo leitura) publicado por FÁTIMA GONDIM, auditora fiscal da Receita Federal, e MARCELO LATTIERI, auditor fiscal da Receita Federal. Publicado no LE MONDE DIPLOMATIQUE, ano 4, número 39.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MANIFESTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES QUE PRATICAM ABORTO

"Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.

A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública. As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.

A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres.

No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres. A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento.

Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.

A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres. Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.

A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, saúde. As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde. Neste contexto, não podemos nos calar!

Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres. Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade. Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!

Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.

Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!

 Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!

Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto."

Mais informações: http://www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com/

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mulher..

"Aos de espírito néscio parecerá estranho, e mesmo impertinente, que um quadro de volúpias seja dedicado a uma mulher, a mais comum das fontes das mais naturais volúpias. Entretanto, é evidente que, como o mundo natural penetra no espiritual, serve-lhe de alento, e concorre, desta forma, a operar este amálgama indefinível que chamamos de nossa individualidade, a mulher é o ser que projeta a mais negra sombra ou a mais clara luz em nossos sonhos. A mulher é fatalmente sugestiva: ela vive uma outra vida que não a sua; ela vive espiritualmente nas imaginações que ela própria povoa e fecunda."
Charles Baudelaire

sábado, 2 de outubro de 2010

Medo e Política

“A desmemoria/2


O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos conduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.”

Eduardo Galeano
(O Livro dos Abraços"

sábado, 18 de setembro de 2010

Eleições e os Lixões...

Vi que alguns candidatos dizem que fecharão os lixões. Pois bem, alguém deve avisá-los que foi aprovada a Lei 12.305/2010, de 02 de agosto de 2010, que já definiu o prazo de quatro anos para fechamento dos lixões (é a tal da política de resíduos sólidos).

Os estados terão o papel central no planejamento e instrumentalização técnica e institucional dos gestores municipais, bem como na fiscalização das ações a serem executadas.

Vale lembrar que de 2008 a 2009 houve um aumento de 8% na geração de resíduos sólidos no Brasil.

sábado, 11 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Cuidados nas Eleições

Com o surgimento da idéia de "indivíduo", surge, também, o debate sobre os limites do poder político. Nesse sentido fez-se uma perigosa associação entre a representação política com uma forma de procuração, um mandato que dá o direito a alguns para falar em nome de muitos.

Alguns candidatos dizem que "serei a sua voz" ou "quero ser a sua voz".

Cuidado (1)-  um grande líder deve estimular a participação política e as demais formas de expressão.

Cuidado (2)- não existe uma profissão ou classe política, TODOS NÓS SOMOS POLÍTICOS quando pertencemos a uma categoria profissional, quando agimos eticamente, quando respeitamos uma opção sexual diferente da nossa, ou opção religiosa.

Cuidado (3)- somos diferentes e desiguais, não acredite naqueles que querem "falar em nome de todos", "fazer um governo para todos".

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Árvore

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Forte Atkinson, Iowa

Pessoal...  eis algumas fotos de um forte que faz parte da história dos EUA. Importante base estratégica na região central para a expansão norte-americano para o oeste e "contato" com as populações nativas lá residentes.










sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre a natureza, devemos admirar e pensar sobre...

A investigação da natureza forneceu alguns mártires, levados à fogueira ou aos cárceres da Inquisição, vale lembrar que os protestantes também participaram dessa perseguição, Calvino mandou queimar Miguel Servet, quando este estava prestes a descobrir a circulação de sangue, determinando que fosse assado lentamente.


Mas o que, realmente, caracteriza esse período é a elaboração de uma peculiar concepção de conjunto, cujo o centro é constituído pela noção de invariabilidade absoluta da natureza. Fosse qual fosse o modo pelo qual a natureza tivesse chegado a existir, uma vez passando a existir devia permanecer tal como era, enquanto existisse. Os planetas e seus satélites, uma vez postos em movimento, pelo misterioso impulso primeiro, deviam continuar girando e girando, segundo as elipses estabelecidas, por toda a eternidade ou, pelo menos, até o fim de todas as coisas. As estrelas permaneceriam fixas e imóveis em seus lugares, sustentando-se nos mesmos graças à gravitação universal. A Terra havia sido a mesma, desde sempre ou desde o dia de sua criação, segundo se preferisse acreditar. Os atuais cinco continentes haviam sempre existido e haviam tido sempre as mesmas montanhas, vales e rios, o mesmo clima, a mesma flora e fauna, a menos que tivessem sido modificados pela mão humana ou pelo transplante. As espécies de plantas e de animais haviam sido fixadas para sempre, desde suas origens. Cada espécie gerava sempre outra igual e já era avançar muito o fato de Lineu admitir que aqui ou acolá poderiam talvez surgir novas espécies em conseqüência de cruzamentos. Em contraste com a historia da humanidade, que se desenvolve no tempo, prescreveu-se à história natural um desenvolvimento apenas no espaço. Negava-se toda a modificação, todo o desenvolvimento na natureza. A ciência natural, tão revolucionária a princípio, defrontou-se, de repente, com uma natureza absolutamente conservadora, em que tudo era hoje da mesma forma que havia sido a princípio e na qual tudo teria que permanecer tal como era, até o fim do mundo ou por toda a eternidade.


A primeira brecha nessa concepção petrificada da natureza foi aberta não por um naturalista, mas por um filósofo. Em 1755 apareceu a História Natural e Teoria Geral sobre o Céu, de Kant. A questão do primeiro impulso era por ele eliminada: a Terra, bem como todo o sistema solar, constituíam algo que se foi formando no transcurso do tempo. Se a Terra era algo que se tinha ido formando, então estava claro que seu atual estado biológico, geográfico e climático, suas plantas e animais deveriam também ter-se ido formando pouco a pouco.
 
 

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Boa Prática

Compre alimentos frescos do local, do seu território. (Buy fresh, buy local)


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cartas a um jovem poeta

"PRIMEIRA CARTA"

" Paris, 17 de Fevereiro de 1903

Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, - seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera.

Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com maior clareza no último poema, "Minha Alma". Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema "A Leopardi" talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos, sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo - peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usuais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate tudo isso com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, essa esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas desse longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre lusco e fusco diante da qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, - o único existente. Também, meu prezado senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra a sua vida; na fonte desta é que encontrará a resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.

Mas talvez se dê o caso de, após essa descida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o senhor de renunciar a se tornar poeta.

(Basta, como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo). Mesmo assim, o exame de consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Foi com alegria que encontrei em sua carta o nome do professor Hoaracek; guardo por esse amável sábio uma grande estima e uma gratidão que desafia os anos. Fale-lhe, por favor, neste sentimento. É bondade dele lembrar-se ainda de mim; e eu sei apreciá-la.

Restituo-lhe ao mesmo tempo os versos que me veio confiar amigavelmente. Agradeço-lhe mais uma vez a grandeza e a cordialidade de sua confiança. Procurei por meio desta resposta sincera, feita o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, em minha qualidade de estranho.

Com todo o devotamento e toda a simpatia,

Rainer Maria Rilke"

Esta Primeira Carta do livro "Cartas a um jovem poeta", foi traduzida por Cecília Meireles, retirados da edição : "Cartas a um jovem poeta e Canção de Amor e morte do porta-estandarte Cristovão Rilke", Editora Globo, 1983.

domingo, 8 de agosto de 2010

Questões sobre o Aquecimento Global

MEIO AMBIENTE - “PROLEM SINE MATRE CREATAM” – (filho nascido sem mãe)

“Meditai, ó rei, sobre a grande verdade que os brâmanes prudentes tantas vezes repetem: Os homens mais avisados iludem-se, não só diante da aparência enganadora dos números, mas também com a falsa modéstia dos ambiciosos. Infeliz daquele que toma sobre os ombros o compromisso de honra por uma dívida cuja grandeza não pode avaliar com a tábua de cálculo de sua própria argúcia.” Presente no livro “Sobre a História do Xadrez” – não anotei o nome do escritor

“[...] o problema real não é a poluição, a escassez de recursos ou a superpopulação, mas a capacidade de um mundo dominado por imperativos capitalistas enfrentar tais questões.” Ralph Miliband

Acredito que o clima está mudando, se está aquecendo ou não ainda não tenho certeza. Mas devemos pensar em alguns elementos: o ser humano é tão poderoso ao ponto de ser responsável pela extinção da vida na terra? Será realmente necessária uma mensagem apocalíptica (do fim do mundo) para sermos responsáveis em nossas atividades econômicas e sociais?

São apenas algumas dúvidas para refletir sobre o que o senso comum reproduz, questionando um formato pós-moderno do antropocentrismo.

Universidade de Nebraska

Eis algumas fotos que tirei da Universidade de Nebraska-Lincoln também conhecida pela sigla UNL.Localizada no estado de Nebrasca, a instituição foi fundada em 1869.


São muitos anos de existência, contemplada com três prêmios Nobel (um de medicina e dois de química) a Universidade tem uma relação muito próxima entre a vida econômica do Estado, que é predominantemente agrícola.

Destaco nas fotos os alojamentos estudantis, tais como nos filmes norte-americanos (alfa, beta, delta...); o estádio de futebol da universidade com capacidade para 80mil pessoas; o refeitório (fast food universitário); e o campus. Tive a oportunidade de assistir uma luta de UFC entre brasileiros e norte-americanos num bar (como nossa paixão pelo futebol é mais interessante!!).

Eles têm de uma infraestura muito mais acolhedora para desenvolver o conhecimento, mas creio que com um pouco mais de investimento nós conseguiríamos passos tão grandes quanto os dados pelos USA...
 
 
 
 
 







sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Segurança Alimentar

Eis uma aula sobre como não pensar Segurança Alimentar.

Assisti algumas apresentações sobre Segurança Alimentar nos EUA e fui surpreendido com a diferença como esse tema está sendo trabalhado no Brasil e como é apropriado pelos norte-americanos. Tive a oportunidade de participar de exposições de uma secretária do governo Obama e de um ex-ministro do governo Bush (ambos do Ministério da Agricultura).

1º - Costumamos relacionar no Brasil a Produção/distribuição/consumo, enquanto nos EUA a segurança alimentar refere-se basicamente a uma resposta apocaliptica. "Em 2050 a população mundial dobrará, e devemos produzir quatro vezes mais com o mesmo espaço de terra".

2º - Foi muito interessante/revoltante assistir representantes da América Central colocando questões sobre a Segurança Alimentar de sua respectiva região... isso porque eles são dependentes da exportação de milho dos EUA... e como o milho está sendo usado para a produção de ethanol há a possibilidade real do milho que seria exportado para esses países ser utilizado dentro do próprio mercado interno norte americano, o que  já  está causando um aumentos nos preços na região...

3º - Outro ponto interessante foi ouvir o antigo ministro do Bush dizer que é contra subsídios agrícolas quando acabamos de visitar um pequeno agricultor norte-americano com uma estrutura agrícola subsidiada pelo governo...Ou seja, "faça o que falo, e não o que faço". Creio que a discussão de subsídios deve ser melhor debatido, pois ainda caímos numa visão maniqueísa: ou o subsídio é bom ou ruim.... por mais que pareça confuso, creio que o modelo norte-americano têm elementos positivos que podem ser reproduzidos pelo mundo...

4º quase a totalidade da produção nos EUA depende de sementes  alteradas geneticamente... que é relacionada à superação da fome mundial, para responder o aumento da população mundial projetada para 2050... segundo dados de órgãos internacionais a população mundial crescerá tanto que devemos duplicar a produção no mesmo espaço de terra para atender a demanda do novo mercado internacional...  hoje mesmo já produzimos além da necessidade de demanda do mercado, e temos um problema de distribuição.... e não adiantará aumentarmos a produção sem que seja repensada a própria distribuição...

5º Visitei também uma agroindústria local e eles acreditam que não importa como estão sendo feitos os alimentos ("isso não se refere a um problema de segurança alimentar'"), o que importa é o controle de qualidade da empresa para produzir alimentos de qualidade, "e alimentos de qualidade referem-se à segurança alimentar"...

domingo, 1 de agosto de 2010

Abaixo-assinado pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo


Pessoal...o Congresso Nacional tem a oportunidade de promover a Segunda Abolição da Escravidão no Brasil. Para isso, é necessário confiscar a terra dos que utilizam trabalho escravo. A expropriação das terras onde for flagrada mão-de-obra escrava é medida justa e necessária e um dos principais meios para eliminar a impunidade.

A Constituição do Brasil afirma que toda propriedade rural deve cumprir função social. Portanto, não pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer pessoa. Porém, o que se vê pelo país, principalmente nas regiões de fronteira agrícola, são casos de fazendeiros que, em suas terras, reduzem trabalhadores à condição de escravos - crime previsto no artigo 149 do Código Penal. Desde 1995, mais de 31 mil pessoas foram libertadas dessas condições pelo governo federal.

Privação de liberdade e usurpação da dignidade caracterizam a escravidão contemporânea. O escravagista é aquele que rouba a dignidade e a liberdade de pessoas. Escravidão é violação dos direitos humanos e deve ser tratada como tal. Se um proprietário de terra a utiliza como instrumento de opressão, deve perdê-la, sem direito a indenização.

Por isso, participo do movimento pela aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária. A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Desde então, está parada, aguardando votação.
É hora de abolir de vez essa vergonha. Neste ano em que a Lei Áurea faz 120 anos, os senhores congressistas podem tornar-se parte da história, garantindo dignidade ao trabalhador brasileiro.

Como queremos deixar registrados nossos nomes na história? Repetindo o passado ou superando-o?
http://www.trabalhoescravo.org.br/abaixo-assinado/

terça-feira, 27 de julho de 2010

Esperança - AD Lula (AD Dilma)

É evidente que o governo Lula (PT) apresentou avanços em relação ao governo FHC (PSDB), mas devemos apontar os problemas de um país que deve mudar muito antes de afirmar "que nunca na história desse país..."

*
ESPERANÇA


AD LULA (e agora AD Dilma)
Para organizar
Sujeitos e predicados,
Que se agridem ou gozam,
Prendê-los-emos em sentenças,
Cadeias feitas de prismas
Para medir a Esperança:
Em agir, sentir e pensar.

*
Do mito já dito,
Em grego esquecido,
Apareceu outrora
A caixa de Pandora.
Trazendo pragas e maldição,
O desastre e a doença.
Foi fechada com pressa,
Deixando em sua escuridão
A morte em forma de sentimento,
Falo da Esperança.



De caixa na realidade
Se transformou em Vaso,
De horror em beldade,
Eis o Vaso da Felicidade.

Toda vez que o mortal
Ver(a)cidade dos deuses,
Ficará revoltado.
E para acalmá-lo,
Bloquear seus desejos
Abriremos a caixa,
Agora vaso,
Que tem guardado
A Esperança que trará,
Num amanhã bem afastado
A mudança.

*
Cara Esperança
Caro data vermibus,
Perinde ac cadaver,
Supérflua bonança,
Flui na superfície a alegria
De ser ideologia
Cadavergehorsan
Enquanto na academia
“Nous prenait une toile,
Nous récitions de vers
Groupés autour du poêle
Em oubliant l´hiver.”
Rodolfo Lobato

segunda-feira, 26 de julho de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Imaginação e memória


“Imaginação e memória são uma só coisa, que por diversas considerações, têm diversos nomes”

Thomas Hobbes


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um dia de voluntário

Quando uma das prefeituras recomendou:
"Fiquem em casa para sua própria segurança"
Quando a minha prefeitura se calou:
"Preciso ajudar de alguma forma sólida"

Árvores caídas
Lixo e lama
Faíscas nos postes
Postes no chão

Chuvas
escuridão
ruas vazias
trânsito sem lei
Lei do pânico

Nesse cenário foram recolhidas de amigos e da família Bezerra de Menezes em Niterói mais de 30 sacolas com roupas, toalhas, roupas de cama, pão, material de limpeza, sapatos etc..

terça-feira, 6 de abril de 2010

Chuvas em Niterói

Enquanto muitos falam das construções irregulares
Reafirmo que o problema é nosso modelo regular de habitação:
Dólares, concentração, prédios e praias.
Numa hora dessas será demais falar em reforma agrária?
Desenvolvimento planejado?
O que dizem físicos, matemáticos e filósofos quando temos um problema sem solução?
2010, MINHA CIDADE ESTÁ EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
A MINHA EMERGÊNCIA ESTÁ EM 2010 CIDADES
Rodolfo Lobato, abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

Democracia e Política Interna-cional


Eliminemos as noções,
Capazes de compreender
A lógica das nações - dizem os deuses.


Imensos e majestosos.
O Império fala das alturas.
Pelas palavras sacras,
Tão altas no estrondo,
Tão elevadas para a compreensão,
Tão inteligentes no destino.
Trazendo com o seu toque
O que sua presença nos obriga:
Sempre olhar para o norte.


Em frente
Ou pelos lados,
Nos vemos a sós,
Com vós
Que sois,
Da democracia guardiões,
E da vida:
Solidões.


(Rodolfo Lobato - 2005)

Pata do gato - trilha de itacoatiare

Fiéis papéis!

Não mais do que água,
Sem a qual a árvore na seca
- morre,
Na cheia
- fala, colore.
Complexo espelho
- da lua que no mar
Chama reflexo.

Uma mulher que vale milhares
Um cafuné - o sexo
De um nexo qualquer
Toques, olhares.

(Rodolfo Lobato, 2006)

A Esperança Petista

Do mito já dito
Em grego esquecido,
Apareceu outrora
A caixa de Pandora.
Trazendo pragas e maldição,
O desastre e a doença.
Foi fechada com pressa,
Deixando em sua escuridão
A morte em forma de sentimento,
Falo da Esperança.

De caixa na realidade
Se transformou em Vaso,
De horror em beldade,
Eis o Vaso da Felicidade.

Toda vez que o mortal
Ver(a)cidade dos deuses,
Ficará revoltado.
E para acalmá-lo,
Bloquear seus desejos
Abriremos a caixa,
Agora Vaso,
Que tem guardado
A Esperança que trará
Num amanhã bem afastado
A mudança.

(Rodolfo Lobato - 2002)