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Faz de conta...









quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"Ao descrevermos uns para os outros os nossos amores e ódios, sentimentos e ressentimentos, devemos usar os termos de nossos anúncios, nossos cinemas, nossos políticos e nossos bestesellers. Devemos usar os mesmos termos para descrever os nossos automóveis, alimentos e móveis, colegas e competidores - e nos entendemos uns aos outros perfeitamente. Tem necessariamente de ser assim, porque a linguagem nada tem de particular e pessoal, ou, antes, porque o particular e pessoal é mediado pelo material lingüístico disponível, que é material social. Mas essa situação impede a linguagem ordinária de preencher a função validadora que ela desempenha na Filosofia analítica. "O que as criaturas querem dizer quando dizem..." se relaciona com o que não dizem. Ou, o que elas intentam dizer não pode ser considerado em seu sentido imediato - não porque estejam mentindo, mas porque o universo do pensamento e da prática em que vivem é um universo de contradições manipuladas."

Herbert Marcuse
 "A Vitória do Pensamento Positivo: Filosofia Unidimensional"

"... a questão sobre quais necessidades [humanas] devam ser falsas ou verdadeiras só pode ser respondida pelos próprios indivíduos, mas apenas em última análise; isto é, se e quando eles estiverem livres para dar a sua própria resposta. Enquanto eles forem mantidos incapazes de ser autônomos, enquanto forem doutrinados e manipulados (até os seus próprios instintos) a resposta que derem a essa questão não poderá ser tomada por sua. E, por sinal, nenhum tribunal pode com justiça se arrogar o direito de decidir quais necessidades devam ser incrementadas e satisfeitas. Qualquer tribunal do gênero é repreensível, embora a nossa irritação não elimine a questão: como podem as pessoas que tenham sido objeto de dominação eficaz e produtiva criar elas próprias as condições de liberdade?"

Herbert Marcuse
"Ideologia da Sociedade Industrial"

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