Passo de Gigante

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sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre a natureza, devemos admirar e pensar sobre...

A investigação da natureza forneceu alguns mártires, levados à fogueira ou aos cárceres da Inquisição, vale lembrar que os protestantes também participaram dessa perseguição, Calvino mandou queimar Miguel Servet, quando este estava prestes a descobrir a circulação de sangue, determinando que fosse assado lentamente.


Mas o que, realmente, caracteriza esse período é a elaboração de uma peculiar concepção de conjunto, cujo o centro é constituído pela noção de invariabilidade absoluta da natureza. Fosse qual fosse o modo pelo qual a natureza tivesse chegado a existir, uma vez passando a existir devia permanecer tal como era, enquanto existisse. Os planetas e seus satélites, uma vez postos em movimento, pelo misterioso impulso primeiro, deviam continuar girando e girando, segundo as elipses estabelecidas, por toda a eternidade ou, pelo menos, até o fim de todas as coisas. As estrelas permaneceriam fixas e imóveis em seus lugares, sustentando-se nos mesmos graças à gravitação universal. A Terra havia sido a mesma, desde sempre ou desde o dia de sua criação, segundo se preferisse acreditar. Os atuais cinco continentes haviam sempre existido e haviam tido sempre as mesmas montanhas, vales e rios, o mesmo clima, a mesma flora e fauna, a menos que tivessem sido modificados pela mão humana ou pelo transplante. As espécies de plantas e de animais haviam sido fixadas para sempre, desde suas origens. Cada espécie gerava sempre outra igual e já era avançar muito o fato de Lineu admitir que aqui ou acolá poderiam talvez surgir novas espécies em conseqüência de cruzamentos. Em contraste com a historia da humanidade, que se desenvolve no tempo, prescreveu-se à história natural um desenvolvimento apenas no espaço. Negava-se toda a modificação, todo o desenvolvimento na natureza. A ciência natural, tão revolucionária a princípio, defrontou-se, de repente, com uma natureza absolutamente conservadora, em que tudo era hoje da mesma forma que havia sido a princípio e na qual tudo teria que permanecer tal como era, até o fim do mundo ou por toda a eternidade.


A primeira brecha nessa concepção petrificada da natureza foi aberta não por um naturalista, mas por um filósofo. Em 1755 apareceu a História Natural e Teoria Geral sobre o Céu, de Kant. A questão do primeiro impulso era por ele eliminada: a Terra, bem como todo o sistema solar, constituíam algo que se foi formando no transcurso do tempo. Se a Terra era algo que se tinha ido formando, então estava claro que seu atual estado biológico, geográfico e climático, suas plantas e animais deveriam também ter-se ido formando pouco a pouco.
 
 

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