Passo de Gigante

Faz de conta...









terça-feira, 11 de junho de 2013

Jacob Gorender e o Fetichismo



A partir do dia 11/06/2013, descansa em paz JACOB GORENDER:

"Se o  lucro industrial adquire a aparência de remuneração do trabalho do empresário, o lucro comercial pode ser, com justificação não menos idônea, atribuído ao processo de circulação em si mesmo e não à criação da mais-valia no processo de produção. Por fim, mistifica-se a origem da renda da terra, cujo caráter de subproduto criado por trabalhadores agrícolas é obscurecido para que seja vista como mero resultado da fecundidade do solo, dádiva da natureza ao proprietário da terra. Surge daí uma categoria como o preço da terra, tão irracional quanto a de preço do dinheiro, medido pela taxa de juros, e a de preço do trabalho, medido pelo salário.

Completa-se, por conseguinte, um circuito de enfeitiçamento, que imputa fantasticamente a coisas inertes – o dinheiro e a terra – um poder de criação que lhes é alheio. Mas tal enfeitiçamento não é arbitrário, não vem de invenção maliciosa, pois emana das próprias relações de produção capitalistas, das quais constitui aparência ideológica necessária. Por isso mesmo, essa aparência mistificadora é aceita com a maior naturalidade pelos agentes econômicos práticos, que se guiam por ela na atividade cotidiana.

[...]

E, assim, por analogia com a religião cristã, difundiram a fórmula trinitária do capital criador de juros, da terra criadora de renda e do trabalho criador de salário. Ciência com os clássicos, a Economia Política, ao se vulgarizar, converteu-se em exercício apologético."

Jacob Gorender, 1982.

Pgs. XII e XIII. Coleção “Os Economistas”: Marx, Para a crítica da economia política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário