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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O tempo e a solidariedade

"o contrário do tempo não é a eternidade. É o amor. Quem ama já nada espera, senão amar. Ao irromper no tempo histórico como presença viva de Deus-Amor, Jesus nos convoca a nada mais esperar. "Esgotou-se o tempo" (Mc 1,15), como quem proclama: "Já não há o que aguardar. Resta amar". E "se o amor faz passar o tempo e o tempo faz passar o amor", como diz o provérbio italiano, nada mais irreconciliável com o tempo do que o amor. Bem o sabem os amantes, que gostariam de parar no infinito os ponteiros de seus relógios.

[...]

O fruto do amor é a vida. É por vivermos num sistema unipolar, o capitalismo globalizado, que nega a vida de milhões de pessoas para assegurar o requinte de uns poucos, é que somos convocados a fazer de nossas vidas alimentos para que outros tenham vida. A solidariedade nasce da gratuidade e, portanto, da espiritualidade. Podemos nos mover em direção aos outros movidos por ambições de poder, busca vaidosa de reconhecimento e outros impulsos egocêntricos. O desafio é como criar uma cultura da solidariedade capaz de nos impelir misticamente na direção dos outros, sobretudo dos excluídos, privados involuntária e injustamente dos bens essenciais à sobrevivência biológica e à dignidade humana."

Frei Betto

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